sexta-feira, 29 de julho de 2011

Há alguns anos, uma amiga paraibana dos meus pais se casou com um francês. Eu e minha irmã achávamos super engraçado o marido dela ter aprendido o português com sotaque paraibano. Mas, antes de continuar essa história, preciso contar outra: moro há 2 meses aqui na Alemanha e eu e meu marido comemos bastante em casa. O problema é que eu não sou a Nigella Lawson brasileira, então tem semana que eu já acho que os almoços estão repetitivos, eu não faço nada de novo - por não ter ideias de cardápios -, acho que tenho que fazer um curso de culinária e o coitado do meu marido tem que ficar escutando meus dramas. O pior não é o meu drama; mas quando estou me sentindo assim, não tenho vontade de ir pra cozinha. E esta semana foi uma dessas. Resultado? Almoçamos quase todos os dias em um restaurante aqui perto de casa.

O restaurante é uma graça. Pequeno, como todos os restaurantes de uma Dorf (aldeia) e trabalham com o prato do dia. Ontem foi escalope à moda cigana (Zigeunerschnitzel*). No momento em que pedimos os pratos, o chefe do meu marido e um amigo do trabalho se sentam à nossa mesa. O amigo sabia quem eu era, mas ainda não nos conhecíamos e nosso papo começa sempre com esta pergunta:

          - Você fala alemão?
E também como sempre, respondo:
          - Sim, mas eu entendo mais do que falo.
Assim que terminei de falar, ele começa a rir e diz:
        - Você fala com sotaque suíço! (Agora a história do francês com a paraibana fez sentido?)

E todo mundo riu junto. Inclusive eu. Sou brasileira, moro na Alemanha e sou casada com um brasileiro/suíço (marido com dupla nacionalidade, gente! Não tenho dois maridos!).

Sotaque de estrangeiro já é engraçadinho. Imagina um estrangeiro aprender a língua com sotaque carregado?

* Zigeunerschnitzel: carne branca servida com molho de pimentão, tomate e cebola.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Eu queria ter explicado no primeiro post o porquê do meu blog se chamar "Scho schee" e acabei me esquecendo. Todo mundo que tem um blog já passou por isto: passar horas pensando no nome perfeito, sem se esquecer da segunda e terceira opção e, quando vai criar o blog... fuén fuén fuén fuén fuééén! Nenhuma dá certo! Comigo não foi diferente: pensei em tudo e na hora de fazer, todas as minhas ideias já eram utilizadas por outras pessoas.

Para explicar melhor, tenho que contar uma rápida curiosidade da Alemanha e de quase todos os países europeus: todo Kanton tem seu dialeto. Na Suíça, por exemplo, se você se desloca alguns quilômetros, já está correndo risco de não entender muita coisa. E eu não falo isso por ser gringa! A família toda do meu marido (por parte de pai) é da Suíça e se andarmos 50 km da cidade de origem dele, ele já tem que se esforçar muito para entender o que estão falando. Acho isso muito engraçado porque o Brasil, um país imenso, não tem dialetos. Claro, cada região tem o seu sotaque, sua forma de se expressar, mas sotaque e dialeto próprio são coisas bem distintas. No Brasil, todo mundo se entende. Aqui, não.

Bom, moro na Bavária e aqui, é claro, também tem o seu dialeto próprio. Nossos amigos alemães falam comigo em Hochdeutsch, ou seja, alemão padrão. Se começarem a falar em Bayrisch - o que é bem normal depois de alguns copinhos de cerveja -, não entendo uma palavra. Aliás, entendo duas: scho schee e basd scho. E é exatamente daí que vem o nome do meu blog. Scho schee foi a primeira (e praticamente única) palavra que eu aprendi no dialeto da região da minha cidade. Quem me ensinou foi uma amiga alemã e toda vez que eu falo scho schee ou basd schon ela morre de rir.

Ah, o significado? É o mesmo que "so schön" e, em português, algo como "tão lindo!"

terça-feira, 26 de julho de 2011

Começarei pedindo que me desculpem, mas não perdi muito tempo pensando no título deste post. Tentei por poucos minutos e como minha mente não parava de pensar sobre o conteúdo, optei por deixar o título para lá.

Sempre morei em Brasília com meus pais e irmãos, tenho poucos - e maravilhosos - amigos, desisti de fazer intercâmbio no ensino médio (quando me dei conta que o "ano que vem você vai" do meu pai era um "não" disfarçado), pensei que me casaria com uns 26 anos, teria filhos antes dos 30 e acreditei que não sairia de Brasília. Acabo de fazer 24 anos e me vejo começar uma vida completamente diferente: já estou casada, aprimorando a língua alemã, morando na Alemanha e... lendo blogs. Nunca fiz isso e agora me vejo pesquisando blogs sobre cultura daqui. Tá certo, sobre culinária também. Por ser cozinheira de forno e fogão iniciante na cozinha, estou aprendendo.. er... o básico. De tudo. Estou aprendendo a cozinhar, passar e tudo o que uma futura mãe de família deve saber (e estou adorando!).

Em uma dessas minhas andanças pela internet, encontro o blog de uma pessoa que compartilhava dos meus sentimentos. Sentiu na pele ter que deixar a família e amigos para se casar. Eu me perdi no blog desta pessoa de uma forma que me fez sentir uma empatia gigante. Mandei e-mail pedindo ajuda sobre diversas coisas e no dia seguinte eu já tive uma resposta. Pelo tamanho da resposta, vi que ela, mesmo sem me conhecer, quis me ajudar. Ela quis me dar o conforto que eu precisava e me incentivou a fazer um blog. Por isso estou aqui hoje, escrevendo e apagando há umas 2 horas, sem saber mais o que falar, só querendo agradecer. E meu primeiro post é uma forma de demonstrar o carinho que tenho por ela mesmo sem nunca tê-la conhecido. Muito obrigada, Amábile.

É por isso que não me canso de dizer: a bondade de agumas pessoas me encanta.

Update: A Amábile não tem mais blog!