sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Eu sou uma apaixonada por Berlim. A considero uma cidade fantástica, por mais que agora eu queira ficar uns anos sem ir. Contraditório, né? A primeira vez que fui - quando me apaixonei de verdade - era verão. Eu só peço uma coisa a vocês: visitem Berlim no verão. Não entendeu nada até agora? Explico: a capital alemã é simplesmente fantástica. É maravilhosa. Perfeita. Fui agora em outubro e ela continua linda, bem do jeito que ela é. Probleminha: muita obra e o pior: chuva. Confiem no meu conselho: visitar Berlim no outono/inverno, é sentir uma "aflição extra". A viagem foi perfeita - fui com uma amiga de infância e foi tudo lindo - mas me doeu. Os pontos turísticos de Berlim têm, em sua maioria, a ver com a Segunda Guerra Mundial. Agora me faça um favor e se imagine entrando em um museu, vendo as atrocidades que ocorriam na época, saindo pela cidade às 17h e está frio e escuro. Se você pensou: "ué, o que tem demais?" Parabéns! Você está em um nível onde eu não estou. Ficava triste, me sentia insegura e só queria meu Schatz para me proteger (aô, amor eterno sem fronteira)! Digo e repito: visitem Berlim na primavera/verão.

Para quem não leu, escrevi sobre a Cidade Maravilhosa (alemã) aqui! Tem várias dicas. Quem está com a mala pronta, já demorou para clicar!

Algumas dicas extras e gratuitas:

- Topografia do Terror: é um museu a céu aberto, gratuito e fa-bu-lo-so. Prepare-se para ficar horas e horas sem nem perceber. Como disse, tem uma parte aberta, mas tem outra que é um prédio. Lá dentro da Topografia do Terror mesmo. Minha amiga e eu ficamos até o último segundo, quando fomos gentilmente expulsas do lugar e cogitamos voltar no dia seguinte para terminar os últimos pontos. Simplesmente fa-bu-lo-so!
- Museu no subsolo do Memorial aos Judeus Mortos da Europa: maravilhoso. Triste. Perfeito. Não deixem de ir! Mais um museu gratuito. A fila é gigantesca. Quanto mais cedo você for, melhor. Fomos bem cedinho e nos avisaram que demoraria em torno de 45 minutos para que pudéssemos entrar. Entendam que os alemães são extremamente pontuais. Se alguém te falar que vai demorar 45 minutos e você espera 50 minutos, um alemão ia surtar! Digo isso só por um motivo: o tempo que eles estipulam é o máximo que você vai esperar e não o mínimo. Se te falarem que vai demorar 45 minutos, é provável que dure 20 ou 30 minutos de espera. Acreditem em mim: para este museu, vale a pena esperar. Vou até escrever um pouco mais sobre ele... Posso? Para quem não conhece, é este daqui:


De uma outra perspectiva...


Quem o fez, deixou em aberto o significado. O chão instável e os diferentes tamanhos de cada bloco podem gerar apenas um desconforto em algumas pessoas, lembrando o sentimento dos judeus a caminho do campo de concentração (desconforto foi até bondade minha). Outra interpretação seria a justificativa para a diferença dos tamanhos de cada bloco: podem ser vistos como vagõs de trem carregados com corpos de judeus (os maiores tinham mais corpos - auge da Guerra -, os menores, menos - início da Guerra). Uma terceira interpretação ainda é possível: enquanto você fica em uma ponta, observando os blocos, os turistas vão passando e desaparecendo entre um bloco e outro, como aconteciam com os judeus. Eles simplesmente desapareciam. Triste, intrigante e genial. Confesso que a terceira é a que faz meus pensamentos voarem, é a que aperta meu coração por pensar no que o artista que fez este memorial deve ter passado para sentir uma dor tão grande e transformar em algo tão significativo, fazendo com que eu visse pessoas aparecendo e sumindo, sentindo um pouco de sua dor. É genialmente triste. Meu museu e memorial predileto.

No museu que existe no subsolo do memorial tem uma sala com várias páginas de diários (em alemão e em inglês). Leve um lenço. Um que me marcou foi uma carta que um filho escreveu para o pai dizendo que ele e a mãe morreriam e queriam se despedir. O filho continuou dizendo "a gente quer viver, mas eles não nos deixam" e eu já não me lembro de mais nada. Só de me lembrar, as lágrimas voltam aos meus olhos. Em outra sala tem uns telefones com áudios de depoimentos de algumas pessoas que passaram pelo campo de concentração. Uma mulher relata que o filho e a mãe estavam com ela. Ela era obrigada a trabalhar o dia inteiro, trabalho pesado, forçado. Um dia veio um oficial chamando crianças de até 12 anos (se não me engano). A mulher coloca o filho no grupo das crianças. Ela não queria que seu filho fizesse trabalho forçado. O oficial questionou a idade do filho. Ele não parecia ter 12 anos. "Ele é alto para a idade" - respondeu ela. "Tudo bem" - respondeu o oficial. "E minha mãe gostaria de ficar com o neto" - assim ele teria uma companhia familiar e a avó poderia cuidar do neto. O oficial aceitou, já que era o desejo de todos os três. A mulher sobreviveu ao campo de concentração e termina o áudio com uma atormentadora: "Como eu poderia saber?" Ela nunca se perdoou por ter mandado o filho e a mãe para a câmera de gás. Faço a mesma pergunta: como ela poderia saber? E torço para que ela tenha encontrado sua paz.

Berlim, por incrível que pareça, dá para ser feita a pé (os pontos principais). Para isso, aconselho muuuuuuuito o Free Tour que expliquei tim tim por tim tim neste post com dicas para Budapeste. Aconselho muito para ter uma ótima noção da cidade e de onde fica o quê. Ainda mais para os que ficarão pouco tempo na cidade!

Até o dia 20 de outubro aconteceu o Festival de Luzes em Berlim. Estávamos lá! Luz, Berlim, ação!



Eu planejava colocar o roteiro de Berlim aqui, mas como ele é grande (8 páginas), vou fazer diferente. Quem se interessar, mande e-mail para schoschee@gmail.com ou comente neste post colocando o endereço do seu e-mail e eu envio o roteiro de Berlim, ok? Sim, sem nada em troca (um "obrigado(a)", talvez?)! :)

Para não finalizar a semana com um post triste desse, coloco uma imagem que prova que o povo alemão também tem humor. Olha o que minha amiga e eu recebemos ao pedirmos a conta em um restaurante:

Sorria, simplesmente sorria....
...até mesmo quando chegar a conta!

P.S: Marcella, muito obrigada por ter curtido a página do Scho Schee no facebook! :D

Beijos e um ótimo final de semana, queridos!

Um comentário até agora

  1. Unknown diz:

    Ótimas dicas, mah! Mas confesso que depois da história da mãe não consegui mais seguir direito. Que perturbador! Passei os olhos no final do post... Nem com a imagem me animei, acredita? Certas coisas mexem muito comigo, vou ficar remoendo essa história vários dias...
    Tem como vc me mandar o roteiro por e-mail, por favor?
    Ah, antes que eu esqueça: vc está de parabéns!!! Post todos os dias!
    Mais duas semanas assim e estará perdoada do tempo ausente enquanto viajava. =)
    Bjoca

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